Empresas familiares: diferenças na Governança que aproximam

Empresas familiares: diferenças na Governança que aproximam

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As dificuldades relacionadas à gestão de empresas variam de acordo com o seu perfil. Empresas grandes possuem maior complexidade na administração, e dessas, as de capital aberto ainda têm o dever de seguir inúmeras regras específicas.

Os negócios menores tendem a serem mais fáceis de administrar, embora também tenham suas particularidades. Mas se além desses elementos, como tamanho e formato, exista outro fator importante que pode ser uma vantagem ou não para gestão do negócio? Este fator é a família. Empresas familiares.

As empresas familiares, além das dificuldades inerentes de qualquer empresa, possuem questões específicas que podem prejudicar ou atrapalhar os negócios.

No Brasil, elas abocanham quase que a totalidade dos negócios. Segundo o Sebrae, as empresas familiares correspondem a nada menos que 80% de todas as empresas do país. Sua posição na economia nacional é fundamental, pois nelas estão registrados cerca de 60% dos empregos formais.

Outro dado, tão relevante quanto a quantidade de empresas no país, é a sua perpetuação. Contrapondo a grande quantidade de empresas familiares, o mesmo não se pode dizer da longevidade. Ainda de acordo com o Sebrae, 40% delas são geridas pela segunda geração e menos de 5% conseguem manter-se nas mãos de herdeiros.

Mas por que uma pequena parcela das empresas familiares consegue permanecer nesse formato? O que acontece com os negócios que não chegam nem na terceira geração?

A Governança Corporativa é uma das principais ferramentas que promovem a estabilidade de qualquer negócio, de modo que suas práticas auxiliam na gestão. E nas empresas familiares, algumas peculiaridades na Governança são um importante diferencial para sua perpetuação.

Desafios das empresas familiares

As empresas familiares se caracterizam por negócios cujos cargos de primeiro escalão são ocupados por integrantes da mesma família; quando o controle do capital é de uma ou mais famílias; e em circunstancias que a segunda geração familiar assume os cargos disponibilizados por parentes.

Dentre os desafios comuns enfrentados por qualquer empresa, as familiares possuem fatores adicionais, principalmente relacionados a conflitos pessoais entre os parentes. Conseguir distinguir esses problemas das questões empresariais, não levar o problema familiar para dentro da empresa e vice versa são o ponto de partida para iniciar um negócio dessa natureza.

Quando não se tem clareza nas funções desempenhadas por cada membro, nas responsabilidades e na tomada de decisões, a probabilidade de conflitos aumenta significativamente.

A maioria desses embates procede do desacordo no direcionamento dos negócios, participação nos lucros e resultados e principalmente na disputa de poder. Por isso, estabelecer as obrigações de cada parente de forma objetiva evitará que conflitos ocasionais aconteçam desnecessariamente.

Por conta dos conflitos que podem ocorrer nesse formato de negócio, a aplicação de boas práticas de Governança se faz extremamente necessária.

Governança Corporativa X Governança Familiar

Um dos objetivos iniciais da Governança Familiar é promover a separação entre propriedade e gestão. Dessa maneira, os herdeiros têm seus direitos estabelecidos como proprietários, porém, não necessariamente terão direito como gestores.

Essas ações diferem das práticas de Governança Corporativa implantadas em corporações convencionais, as que não possuem em sua diretoria membros com grau de parentesco direto. As práticas de Governança nas empresas familiares, embora tenham muitas ações compatíveis, possuem algumas recomendações para atender as demandas específicas desse tipo de negócio.

As diferenças no modo de aplicação das boas práticas já começam pelo objetivo de sua implantação. Nas corporações de capital aberto, por exemplo, a estruturação da Governança é baseada para monitorar o trabalho dos gestores. Já nas empresas familiares, além desse monitoramento, o principal objetivo é de orientação e desenvolvimento dos executivos familiares.

Uma diferença significativa é a formalização dos processos. Enquanto na Governança Corporativa os tratados são todos documentados e formalizados, na Governança Familiar os acordos são debatidos de maneira mais informal, com a tomada de decisões baseadas no comprometimento moral. Porém, essas ações precisam ter certo equilíbrio, ou seja, a informalidade deve ser encarada com responsabilidade, sem confundir com uma reunião qualquer da família.

Outro diferencial está relacionado ao objetivo final das corporações. Nas empresas sem vínculos familiares, os propósitos estão ligados à geração de lucros. Nesse caso, as práticas de Governança seguem essa finalidade. Nas empresas familiares, as práticas de Governança vão mais além, considerando as necessidades e satisfação da família, por exemplo.

Em relação às funções dos conselheiros, há também diferenças entre a Governança Corporativa e a Familiar. No primeiro caso, o conselheiro independente tem a finalidade de realizar a proteção do negócio e o monitoramento das ações da administração. Nas Familiares, o papel do conselho está também relacionado à proteção não só do negócio, mas das famílias controladoras.

Principais pontos da Governança Familiar

Segundo especialistas nesse formato empresarial, a aplicação das normas de Governança Familiar deve ser feita em três composições básicas que garantirão a saúde do negócio e das relações familiares. São elas:

– A realização de assembleias anuais: todos os membros familiares que atuam na empresa se beneficiam desses encontros, pois neles são apresentados os balanços e demonstrativos da situação em que se encontra o negócio;

Reuniões do Conselho Familiar: o intuito dessas reuniões é promover a participação dos membros no planejamento e na criação de políticas a serem implementadas na empresa. O objetivo é fortalecer a comunicação e o vínculo entre a família e a empresa;

– A elaboração de uma Constituição: o documento traz as políticas da família e os valores que devem orientar as ações dos integrantes com o negócio. Seu formato pode variar conforme a composição da empresa: ele pode ser curto, extenso, simples ou detalhado, mas deve ser elaborado com o comum acordo de todos os familiares envolvidos.

Todas essas ações promovem um melhor desenvolvimento das responsabilidades e dos direitos dos membros, regula a inclusão da família nas discussões relacionadas às decisões de forma adequada. Além disso, é uma forma de incentivo tanto dos membros da família como de seus colaboradores a operarem de forma responsável em relação à empresa.

A atuação do Conselho Familiar

O Conselho Familiar pode ser composto de vários modos, embora o mais comum seja por meio de eleição, na qual cada membro eleito representa um ramo familiar.

É de responsabilidade do Conselho Familiar uma série de ações, mas destacamos os seguintes trabalhos:

  • O planejamento de reuniões e assembleias;
  • Orientações sobre questões atuais e de atualização aos familiares;
  • Auxiliar na tomada de decisões;
  • Ser a “ponte” entre a diretoria e a família, mantendo o diálogo sobre as principais políticas e planos de negócio;
  • Proteger o negócio de interferências familiares desnecessárias.

Todas essas práticas apresentadas neste artigo têm como objetivo único ajudar no desenvolvimento dos negócios. Sendo assim, a consequência é a proteção dos investimentos e a manutenção saudável dos vínculos familiares.

Para que a implantação da Governança Familiar seja realizada de forma mais assertiva, sua empresa pode contar com auxílio específico. O Grupo BLB, possui equipe especializada na aplicação de boas práticas de Governança. Para saber mais clique aqui.

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