Contabilidade de Hedge: entenda esse conceito e como ele pode ajudar na sua empresa!

Contabilidade de Hedge: entenda esse conceito e como ele pode ajudar na sua empresa!

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Você já ouviu falar no conceito de Hedge? Sabia que se trata de um recurso que pode fazer toda a diferença quando aplicado na sua empresa?

Se sua resposta foi negativa para as duas perguntas, saiba que isso é muito comum em nosso país. Entretanto, o Hedge pode ser uma solução viável para investimentos de risco.

Confira como a contabilidade de Hedge funciona e como ela pode ser implementada, prevenindo riscos de diferentes naturezas.

O que significa o conceito de Hedge?

Durante suas atividades, uma empresa controla ativos e passivos, assume compromissos sobre transações e realiza investimentos. Essas ações, eventualmente, estão sujeitas a riscos de alterações em seus valores justos ou nos fluxos de caixa a eles associados, em virtude de fatores como variações de preço, taxas de câmbio, de juros, avaliação de crédito, entre outros.

Para reduzir seus riscos, as empresas podem contar com instrumentos financeiros derivativos, em que as variações no valor justo ou no fluxo de caixa podem compensar as alterações dos itens, sujeitos a ameaças.

Essa relação entre os itens que se busca proteger e os instrumentos de proteção é chamada de Hedge, que em inglês significa proteção.

O que pode ser um objeto de Hedge

Um objeto de Hedge, ou seja, aquilo que será protegido, pode ser desde um ativo, como um passivo, um compromisso firme, uma transação prevista muito provável ou um investimento líquido fora do país.

Assim, é importante esclarecer esses conceitos: compromisso firme diz respeito a um acordo obrigatório para a troca de determinada quantidade de recursos, a um preço fixado em uma data. Neste caso, já existindo um vínculo contratual.

Já a Transação Prevista pode ser compreendida como uma transação futura que não está comprometida, mas é antecipada. Nesse caso, não há a previsão de que ela acontecerá.

Investimento líquido em entidade no exterior é o montante que representa o interesse da entidade, que reporta a informação nos ativos líquidos.

O que pode ser um instrumento de Hedge

Um instrumento de Hedge pode ser tanto um derivativo designado, quanto um ativo financeiro não derivativo designado ou ainda um passivo financeiro, não derivativo.

Tendo contas para pagar ou contas para receber em moeda estrangeira, é possível utilizar esses itens como instrumento de Hedge, para risco de alteração nas taxas de câmbio. Para os demais riscos, somente será possível determinar como instrumento de Hedge um único derivativo.

A Contabilidade de Hedge

O CPC 38 prevê a possibilidade de aplicação de uma metodologia, conhecida como Contabilidade de Hedge.

Em situações em que são mantidas relações de Hedge, a entidade poderá aplicar a metodologia da Contabilidade de Hedge, que poderá oferecer a ela os efeitos de compensação no resultado, das mudanças nos valores justos do instrumento de Hedge, além do item protegido.

Essa aplicação da contabilidade de Hedge é opcional. Entretanto, caso a empresa queira optar por ela, é preciso atender a certos requisitos, como designação e documentação formais da relação de Hedge e do objetivo, além de plano da gestão da ameaça da entidade, bem como expectativa positiva quanto à eficácia do Hedge e a possibilidade de medir a eficácia do Hedge. É fundamental que a empresa tenha como manter um controle para verificar continuamente se esse Hedge está sendo eficaz.

Como é possível medir a eficácia do Hedge?

Uma relação de Hedge não precisa ser, necessariamente, estabelecida entre um objeto e um instrumento, que variem em função de uma mesma variável. Isso significa que é possível, por exemplo, proteger uma dívida com moedas diferentes, como Euros; com contratos futuros de Dólar.

Porém, é preciso que as variáveis apresentem uma alta correlação entre elas, garantindo que o Hedge cumpra seu objetivo de proteger a entidade das variações no valor justo ou nos futuros de caixa, associados ao objeto de Hedge. É o caso das moedas que apresentamos como exemplo.

Durante o período da aplicação do Hedge, a eficácia deverá ser avaliada, ao menos num primeiro momento, ou seja, quando a entidade elabora suas demonstrações contábeis, sejam elas, anuais ou intermediárias. Assim, a razão entre os ganhos e as perdas no objeto e no instrumento de Hedge deve ficar entre 80 e 125%.

Quanto à eficácia prospectiva, ela pode ser verificada com base em um estudo do comportamento passado das variáveis, por meio de dados estatísticos, devendo essa eficácia ser evidenciada no momento da designação da relação de Hedge.

Relações de Hedge

Os tipos de relações de Hedge previstos no CPC 38 são:

  • Hedge de valor justo, ou seja, aquele em que o que se procura proteger é o risco de alterações no valor justo do objeto de Hedge, podendo o objeto indicado para essa relação ser um ativo, um passivo ou um compromisso firme. Nesse caso, existe a alteração da mensuração do objeto, mas não da mensuração do instrumento de Hedge.
  • Hedge de fluxo de caixa, em que a ideia é proteger-se da oscilação do fluxo de caixa associado ao objeto. O CPC 38 permite a definição como objeto de fluxo de caixa um ativo, um passivo ou uma transação passiva. Neste caso, não existe a alteração da mensuração do objeto, mas sim da mensuração do instrumento de Hedge.
  • Hedge de investimento líquido no exterior. É aquele que tem como objeto proteger variações de um valor justo relativo a um investimento líquido no exterior. Assim como acontece com o Hedge de fluxo de caixa, este também não altera a mensuração do objeto, mas altera a mensuração do instrumento de Hedge.

Mas, afinal, o que vem a ser a Contabilidade de Hedge?

A contabilidade de Hedge é, enfim, um eficiente instrumento financeiro que permite às empresas reduzir ou eliminar a volatilidade dos resultados contábeis.

De uma maneira geral, a contabilidade de Hedge ainda não apresenta grande popularidade entre o empresariado brasileiro. Isso, muito provavelmente, por basear-se em normas contábeis internacionais e assim exigir mudanças de práticas costumeiras.

Ainda assim, trata-se de um recurso interessante que pode ser aplicado em situações em que as empresas precisam de alguma proteção diante de investimentos que apresentam possibilidade de risco.

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