Derivativos: como funcionam as opções?

Derivativos: como funcionam as opções?

8 minutos de leitura

No meu último artigo falei sobre o que são instrumentos financeiros derivativos e como esses podem ser utilizados para fins de proteção contra a volatilidade dos mercados ou ainda de forma especulativa, ou seja, o operador desses instrumentos poderá ganhar ou perder com a volatilidade destes no curto ou curtíssimo prazo, sem o uso como proteção.

Neste artigo o objetivo é destacar e explicar como funcionam os derivativos denominados “opções”, extremamente utilizados no mercado financeiro para fins de proteção ou especulação. Quem já atua ou investe em renda variável ou possui contato com transações comerciais de commodities normalmente já ouviu falar nas opções.

Como mencionei acima, as opções são um tipo de instrumento financeiro que possui negociação no mercado financeiro. Vou agora simplificar um pouco mais o entendimento, vamos lá?

Opções: um tipo de instrumento financeiro derivativo

Apresentarei agora um exemplo ilustrativo para que o entendimento seja mais bem compreendido, ou seja, as opções na prática não são utilizadas neste tipo de transação.

Imagine que você esteja interessado em comprar um imóvel e na procura por um imóvel ideal para sua família você identifique uma oportunidade imperdível de compra, pois em uma conversa com um amigo “gestor de infraestrutura do município”, este lhe confidenciou que ao lado do suposto imóvel será construído um shopping center de uma rede muito renomada no Brasil.

Obviamente nesse momento seu interesse em adquirir aquele imóvel será ainda maior e provavelmente procurará o proprietário para fazer uma oferta de aquisição. Após uma longa conversa com o proprietário, ele aceita vender o imóvel por R$ 400.000. No entanto, ele necessitará de seis meses para desocupar o imóvel e, para que ele garanta a venda está exigindo que seja adiantado um sinal de compra no valor de R$ 10.000, que serão abatidos do valor do imóvel quando da entrega das chaves. Caso você desista do negócio ele não devolverá o valor dado como sinal de compra.

Os avaliadores de imóveis da cidade já estão prevendo uma avaliação no valor de R$ 550.000 para o imóvel, caso o shopping seja realmente construído em seus arredores. Dessa maneira, você acreditando na valorização, formaliza um contrato de compromisso de compra e venda futura em que nele fica pré-estabelecido que será adiantado o valor de R$ 10.000 a título de garantir a compra do imóvel por R$ 400.000. Nesse contrato está explicito que caso você desista da compra durante os próximos 12 meses você perderá o valor adiantado de R$ 10.000 e caso você realmente efetue a aquisição do imóvel o vendedor se obriga o vender por R$400.000.

Passaram-se cinco meses desde a assinatura do contrato e a expectativa de construção do shopping center próximo ao imóvel se concretizou. Você, com sorriso no rosto, exercerá o seu direito de compra do imóvel por R$ 400.000 e já o dono do imóvel em prantos será exercido e deverá entregar o imóvel nesse valor.

Com base nesse exemplo tentei retratar de forma similar como funcionam as opções, em específico as de compra, mais conhecidas no mercado financeiro como as calls de compra. No exemplo percebam o ganho bruto efetivo:

Derivativos: como funcionam as opções?

Perceba que caso você não tivesse formalizado o contrato com a opção de compra, além de deixar de perceber a valorização do imóvel no curto prazo, ainda perderia a oportunidade de compra do imóvel a um preço justo.

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Compreendido o exemplo, vamos à parte técnica

Os instrumentos financeiros derivativos “derivam” do preço do ativo relacionado, ou seja, os derivativos de ações derivam do preço de uma determinada ação negociada em bolsa de valores, já os derivativos de dólar variam da variação do câmbio e os derivativos de commodities derivam dos preços negociados dessa commodities.

Agora apresentarei alguns fundamentos importantes para o entendimento das opções:

Agentes

As opções são transacionadas por dois agentes no mercado: comprador e vendedor. O comprador é denominado de “Titular”, pois terá o direito de comprar o ativo objeto da transação (dólar, commodities, ações etc). Já o vendedor é denominado de “Lançador”, pois este é quem vende a opção para o comprador, assumindo o compromisso de vender o ativo objeto da transação.

Vale ressaltar que em muitas oportunidades o “Titular” poderá comprar o direito de vender determinado ativo, no entanto para que haja melhor compreensão não me estenderei nessa profundidade.

Prêmios das opções

Os prêmios basicamente são os valores pagos pelo comprador da opção para o vendedor em virtude da aquisição do direito de compra ou venda de determinado ativo, de forma que o “Titular” paga ao “Lançador”.

Tipos de opções

Call (opção de compra)

As calls são que dão direito ao titular de comprar determinado ativo no futuro por um preço pré-determinado. Nas opções de compra o titular terá o direito de exercer a compra ou não, ou seja, ele não está obrigado a comprar determinado ativo, uma vez que apenas possui o direito de aquisição.

Caso o detentor do direito não exerça a compra do ativo, terá apenas a perda relativa ao pagamento do prêmio na aquisição das opções. No mercado financeiro isso é denominado como “a opção virou pó”.

Put (opção de venda)

As puts funcionam inversamente às calls, ou seja, quem possui as opções de venda detém o direito de vender determinado ativo ao valor pactuado na data do vencimento da opção. Quem possui as opções de venda igualmente ao esclarecido para as calls não é obrigado a vender, apenas possui o direito de venda.

Strike (preço)

O strike price nada mais é do que o preço pré-fixado pelo qual o ativo objeto (commodities, ações etc.) poderá ser adquirido ou vendido no dia de exercício das opções. Complicou?

Vou dar um exemplo de operação de aquisição de commodities (aço). Imagine que haja uma possível falta de aço no mercado e que você necessite desta commodity para produção de seus produtos.

A fim de garantir sua margem de lucro, você poderia comprar uma opção de compra, pagando um prêmio ao lançador, para garantir a aquisição da mercadoria a um preço pré-fixado na data da aquisição da opção (strike). Essa operação terá uma data de vencimento futura, denominada de data de exercício da opção. Perceba que para garantir a margem de lucro desejada o instrumento financeiro derivativo poderá auxiliar e muito.

Vencimento das opções

Como dito no exemplo anterior, as opções sempre terão um vencimento, ou seja, uma data limite para que o detentor do direito o exerça. Caso o direito não seja exercido a opção vence, perdendo sua validade. Podemos associar os direitos das opções aos seguros que contratamos cotidianamente.

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Por exemplo, podemos citar o seguro de um veículo, pelo qual você paga um prêmio em função de vender seu carro para a seguradora caso ocorra um sinistro no período de cobertura do seguro, ou seja, você possui o direito de acionar a seguradora. No entanto, caso não seja necessário acionar a seguradora seu direito vence.

Quando você contrata um seguro de veículo é como você estivesse comprando uma put (opção de venda) pela qual você tem o direito de vender seu veículo a um preço pré-fixado no momento da contratação do seguro com um prazo determinado de vencimento futuro.

Resumindo, as opções possuem códigos e datas específicas para sua negociação, ou seja, cada mês com uma determinada letra de identificação da opção, segregando em opções (call) e (put).

Como citado no exemplo ilustrativo relativo à aquisição do imóvel, as opções de compra normalmente somente são exercidas quando o estiver acima do preço de exercício (strike), pois o detentor do direito compraria determinado ativo a um preço vantajoso; caso contrário, é preferível que a opção de compra vença (vire pó).

Já para as opções de venda o exercício do direito seria vantajoso somente se o ativo negociado estivesse acima do preço de exercício (strike), pois o ativo estaria com um valor superior ao praticado no mercado.

Conclusão

Por fim é possível perceber que a grande vantagem da utilização das opções para as empresas (não sendo utilizadas para fins especulativos) é a de proteção contra a volatilidade dos mercados, criando um hedge para suas transações, o que consequentemente cria previsibilidade para os resultados da empresa.

A equipe do Grupo BLB Brasil é especialista nas análises das operações com instrumentos financeiros derivativos, com experiências práticas em diversos clientes. Conte conosco!

Robson Santesso Pires
Gerente de Auditoria

Guia de sucesso para capacitação na área contábil

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