Introdução sobre a inovação no sistema financeiro brasileiro

Introdução sobre a inovação no sistema financeiro brasileiro

7 minutos de leitura

De acordo com Raul Moreira, membro do Conselho de Administração e coordenador do Comitê de Inovação do Banco Original, existem 3 alicerces que estruturam a mudança que estamos vendo no mercado financeiro.

Eles são a tecnologia, o comportamento do consumidor e a regulação, que agem como uma revolução silenciosa dentro de um sistema que há tempos precisava ser repaginado.

Para quem consome o mundo da inovação, a modernização do sistema financeiro nacional já está muito clara.

E um dos grandes exemplos é o PIX, a modalidade de transferência sem custos e instantânea lançada pelo Banco Central em 2020.

Um sinal de que todo o sistema foi impulsionado a se tornar mais tecnológico, quando as fintechs e bancos digitais se tornaram mais populares.

Tendo isso em mente, hoje vamos falar sobre inovação no sistema financeiro brasileiro, incluindo open banking e segurança para toda essa tecnologia.

Continue lendo para conferir o que mudou nos últimos anos.

Tecnologia, comportamento do consumidor e regulação

Primeiro, é importante retomar o conceito de tríplice alicerce de Raul Moreira, citado anteriormente.

O ciclo se dá quando o avanço da tecnologia acelera o meio ambiente em que vivemos e faz com que o consumidor busque formas de se adequar a esse novo formato. É assim que a necessidade de regulação é criada, a fim de satisfazer um novo hábito.

Basicamente, o que ele quer dizer é que novos métodos de pagamento, de novas formas de concessão de crédito, por exemplo, demandam uma nova infraestrutura.

Porém, é importante manter como objetivo geral que toda movimentação seja na direção de impactar positivamente a nossa sociedade.

Principalmente em relação a questões como preço, qualidade, segurança ou melhoria da experiência.

É isso que deve ser priorizado em meio a todas as instituições financeiras, credenciadoras, sociedades de crédito direto ou corretoras, sejam elas novas ou do ambiente tradicional.

O que nos oferece uma boa perspectiva é o fato de a tecnologia empregada no sistema financeiro nacional ser tida como uma das mais avançadas do mundo.

E esse avanço tecnológico inclui o open banking, do qual vamos falar agora!

Open Banking

Também conhecido como Sistema Financeiro Aberto, o open banking é uma iniciativa do Banco Central.

Os objetivos principais desse sistema são:

  • promover a concorrência;
  • melhorar a oferta de produtos e serviços financeiros para o consumidor;
  • incentivar a autonomia na vida financeira;
  • diminuir custos;
  • ser mais transparente.

E funciona de forma gratuita, simples e prática, com a premissa de que o cliente é dono dos seus dados financeiros e poderá escolher quando e com quais empresas vai compartilhá-los.

O compartilhamento só acontece a partir do consumidor, é ele que deve solicitar a movimentação dos dados à instituição de destino.

O processo é 100% digital, seguro e supervisionado pelo Banco Central, além de acontecer por meio dos aplicativos já existentes das instituições financeiras.

Essa tecnologia, conhecida como API (Interface de Programação de Aplicações), é o que permite a troca de informações entre as instituições financeiras.

É possível conhecer todos os participantes do sistema financeiro aberto clicando aqui.

Com toda essa movimentação de dados, fica a dúvida em relação à segurança das informações, mas não há com o que se preocupar.

Existem duas leis que cobrem esse ambiente:

  • A Lei do Sigilo Bancário (nº 105/2001), que proíbe o compartilhamento de dados para instituições financeiras não participantes e a venda de informações de consumidores para terceiros;
  • E a Lei Geral de Proteção de Dados (nº 13.709/2018), em vigor desde 2020, que dá autonomia para o cliente em relação aos seus dados.

Além disso, a ideia é que o Banco Central fiscalize todos os participantes e, caso necessário, aplique punições.

O open banking se tornou obrigatório para instituições do segmento S1 e S2 em novembro de 2020 e, de acordo com o Bacen, a implantação deve terminar até dezembro de 2021.

E segundo uma pesquisa do C6 Bank/Ipec, de maio deste ano, 33% dos brasileiros já se mostram interessados em compartilhar seus dados pessoais com instituições financeiras.

Agora vamos falar da segunda inovação que abalou o sistema financeiro nacional, o PIX.

PIX

Lançado em novembro de 2020, o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) ficou mais conhecido como PIX.

Com rápida aderência, o Banco Central anunciou que em maio de 2021 já tinha acontecido mais de 543 milhões de transações via SPI, com mais de 164 milhões de correntes cadastradas no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT).

As transferências feitas pelo PIX podem ocorrer a qualquer hora do dia, durante toda a semana, inclusive feriados, e o valor transferido cai na conta do recebedor em questão de segundos.

A conveniência e velocidade sendo as principais mudanças em comparação aos modelos de transferência já existentes.

O PIX está disponível por meio dos aplicativos das instituições financeiras da sua escolha e para usá-lo basta criar uma chave, que pode ser seu CPF, número de telefone, e-mail ou um código gerado automaticamente.

Alguns outros propósitos que o Bacen quer atingir com o PIX, são:

  • Segurança aumentada por meio de transações cursadas na Rede do Sistema Financeiro Nacional e uso de meios de autenticação digital;
  • Ambiente aberto proporcionado pelo acesso distribuídos para todas as instituições financeiras, incluindo fintechs;
  • Multiplicidade de casos de uso, já que os pagamentos podem ser realizados entre pessoas e/ou empresas, incluindo recolhimento de impostos ao governo federal.

Com esses dois grandes passos é possível ver o Banco Central se esforçando para inovar e tornar mais tecnológico nosso sistema financeiro.

E para falar sobre as novas propostas de inovação para o sistema financeiro, precisamos falar sobre o LIFT.

LIFT – Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas

O LIFT foi criado em 2018 e desde então já foram criados 50 protótipos por meio da plataforma, dentre eles temos o PIX e o Open Banking que já estão ativos.

Em 2021 aconteceu a quarta edição do LIFT Lab, iniciativa coordenada pelo Banco Central em parceria com a Federação Nacional de Associações de Servidores do Banco Central.

Esse evento coleta, estuda e desenvolve protótipos de propostas alinhadas à agenda do Banco Central, como inclusão, sustentabilidade, transparência, educação e competitividade.

Para este ano foram selecionados 11 projetos, veja alguns exemplos abaixo:

Centralização para pagamento de tributos através da Carteira Digital (Banco Útil)

Carteira digital corporativa focada no pagamento de tributos das empresas. Atualmente tem mais de 150 clientes pagantes, que conseguem compensar seus tributos em até 15 minutos todos os dias da semana.

Empoderamento do cliente bancário

Projeto visa provar instituições financeiras com inteligência para oferecer gestão de finanças pessoais a seus clientes.

Finanças para entregadores e motoristas (Plific)

Solução financeira feita para entregadores e motoristas de aplicativos. Na Plific, poderão sincronizar suas contas nos diferentes aplicativos e acompanhar o quanto lucraram no dia, na semana e no mês.

Formalização da Operação de Crédito 100% Digital

Coletas de documentos, extração da informação do documento para validação com bases da Receita Federal, prova de vida, facematch, aceite dos termos do contrato e assinatura por voz com reconhecimento do áudio.

Observatório Amazônia

Aprimoramento de uma plataforma web confiável, acessível e intuitiva que permita a interoperabilidade de serviços e integração de dados geoespaciais. Promove o monitoramento e a gestão de dados no território da Amazônia Legal.

Plataforma de Investimento e Gestão de Nano Negócios (Grana Solidária)

Conecta investidores e nano-empreendedores, dando acesso a microcrédito fácil e de juros acessíveis e apoio para gerir o negócio.

RBDC – Real Backed Digital Currency

Pretende trazer experimentos práticos quanto à viabilidade de representação de moeda eletrônica em redes blockchain, assim como permitir uma visão crítica sobre os desafios e conveniência da interoperabilidade PIX – blockchain.

Soluções Integradas de Câmbio para Investimento, Hedge e Comex (Banco Adenom)

Modelo de negócios de um banco comercial especializado em câmbio. Serão ofertados produtos diferenciados, incorporando diferentes moedas estrangeiras, em formatos coerentes com as metas dos clientes.

Com novos serviços financeiros e com o segmento de fintechs aquecidos, vivemos um movimento extremamente positivo no contexto de inovação experiências para o setor. Essa transformação digital e inovação nos serviços financeiros vai nos fornecer um ecossistema ainda mais digital, mais rápido e com maior fluidez.

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