Entenda como reestruturar uma empresa financeiramente

Entenda como reestruturar uma empresa financeiramente

9 minutos de leitura

Reestruturar uma empresa costuma ser uma tarefa complexa na maioria dos casos. Quando o negócio já está operando e passa a enfrentar dificuldades, pode ser a hora de avaliar a necessidade de uma reestruturação. Esteja o problema no modelo de negócio, na forma como a empresa está sendo gerida ou no andamento da área financeira, esse tipo de ação poderá ser crucial para garantir sua sobrevivência.

É fato que, quando um negócio enfrenta dificuldades financeiras, o gestor não pode esperar muito tempo para reestruturar a empresa e buscar uma saída menos traumática. Por isso, é preciso estar atento a alguns sinais importantes. Esses sinais ajudarão a identificar quando as finanças da organização podem estar precisando de uma reestruturação.

Diagnóstico

Um negócio não entra em crise do dia para a noite. Normalmente, as dificuldades começam a aparecer aos poucos. O acúmulo de problemas sem resolução, com o tempo, acaba gerando uma instabilidade que pode impossibilitar os gestores de reestruturar a empresa. Esses problemas podem ser considerados sinais que servem de alerta para a necessidade de uma reestruturação financeira. Alguns dos problemas mais comuns são:

  • As vendas vêm baixando mês a mês;
  • Os lucros desapareceram, nunca sobra dinheiro em caixa;
  • Começa a faltar dinheiro com frequência para pagamento de salários;
  • A empresa passa a atrasar boletos de fornecedores;
  • Não há controle apurado dos resultados financeiros.

Não são incomuns empresas que, mesmo tendo bons resultados em vendas, passem por dificuldades financeiras. Nesse tipo de situação, os problemas ocorrem normalmente por uma falha na operação. Por exemplo: os preços de venda estão muito baixos não gerando lucro suficiente para pagar os custos fixos.

Outro erro comum é o mau planejamento dos prazos de pagamentos. Pode ser que a empresa esteja pagando seus fornecedores à vista e vendendo parcelado. Isso gera dificuldades de caixa e, muitas vezes, a necessidade de ter que apelar para empréstimos bancários com altas taxas de juros.

Planejamento estratégico para reestruturar uma empresa

Caso sua empresa ainda não tenha um planejamento estratégico, está mais do que na hora de elaborar um. No planejamento estratégico não são avaliadas somente questões financeiras. Também é definido o rumo que o negócio irá tomar, qual a visão dos gestores a curto, médio e longo prazo e quais serão as estratégias de crescimento.

Quando um negócio tem seu caminho traçado e seus objetivos bem definidos, fica muito mais fácil reestruturar a empresa financeiramente. As ações então serão direcionadas para que contribuam com a visão estabelecida no planejamento estratégico.

Neste post não vamos entrar em detalhes sobre planejamento estratégico. Porém, há dois tópicos importantes que são fundamentais para estruturar a empresa financeiramente:

1. Autoconhecimento

Quando se cria um planejamento estratégico, normalmente os primeiros tópicos estão relacionados ao autoconhecimento da empresa e dos seus gestores. Esse fator é importante para ajudar a entender as razões de o negócio ter chegado na situação atual.

Quando se elabora, por exemplo, uma matriz SWOT, os gestores avaliam as forças e fraquezas do seu próprio negócio e as oportunidades e ameaças do mercado em que ele está inserido. Essa autoanálise, comum em um planejamento estratégico, é essencial para uma série de tomadas de decisão sobre o futuro da organização.

Outro exercício fundamental de autoconhecimento é a matriz BCG, muito utilizada em indústrias ou distribuidores. Nessa matriz são listados os principais produtos da empresa e identificados quais são mais lucrativos e quais não contribuem mais para os resultados. Isso ajuda os gestores a revisarem o portfólio e focarem em soluções que garantam melhores resultados.

2. Definição de metas

A definição de metas é fundamental para direcionar todas as estratégias e ajudar os gestores a revisarem o negócio financeiramente. Elas estão diretamente ligadas à visão do negócio. Quando os gestores decidem fazer uma reestruturação financeira, eles olham para os objetivos estabelecidos e tomam ações. Dentre elas: planejar investimentos, reduzir custos, aumentar o preço de venda, investir em novos mercados e assim por diante.

Plano financeiro

O plano financeiro é uma etapa essencial do planejamento estratégico. Ele ganha ainda mais relevância quando a empresa passa por dificuldades e está sofrendo uma reestruturação. Tudo começa com a revisão de todo o atual modelo de negócios. Entretanto, seu foco principal está nos custos operacionais e na formação dos preços de venda.

Revisão dos custos operacionais

Um problema bastante comum em diversas organizações, sejam elas empresas ou até mesmo órgãos públicos, é gastarem mais do que arrecadam. Essa situação gera prejuízos que, quando se acumulam, podem levar um negócio à falência.

Como já mencionamos, somente vender pode não ser o suficiente se os resultados gerados pelas vendas não contribuírem para o pagamento de todos os custos fixos da organização. Quando isso acontece, além de uma revisão no modelo comercial, é preciso reavaliar os custos operacionais da empresa.

A primeira parte importante a ser analisada são todos os custos fixos. São considerados custos fixos aqueles gastos de rotina, que são recorrentes independentemente dos resultados das vendas. Dentre eles: salários, aluguéis, contas de energia, telefone, água, despesas de escritório, entre outros.

Ao estruturar a empresa financeiramente, os gestores devem revisar essas despesas, avaliar se existe a possibilidade de redução, seja na folha de pagamento, na locação de um espaço de valor inferior ou eliminar alguma despesa que não seja essencial para o momento.

Outros custos que fazem parte de um negócio são os custos variáveis, que estão diretamente relacionados aos resultados comerciais, ou seja, os custos crescem de forma proporcional às vendas. Fazem parte dos custos variáveis o valor da matéria-prima utilizada em cada produto, os impostos das vendas de mercadorias ou serviços e a comissão da equipe comercial.

É sempre importante avaliar se existe alguma possibilidade de reduzir os custos variáveis, seja encontrando melhores fornecedores de matéria-prima ou renegociando a comissão da equipe de vendas.

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Revisão dos preços de venda

Muitas empresas erram na formação do preço de venda e, mesmo tendo um bom volume de negócios fechados, não têm o lucro desejado, pois a margem é muito pequena. A formação do preço de venda deve levar em consideração diversos fatores, incluindo os preços praticados pelos concorrentes, mas deve ser suficiente para garantir lucro ao negócio.

Ao revisar o preço de venda dos seus produtos ou serviços, os gestores devem levar em consideração a projeção de vendas para cada período. Por meio dessa projeção é possível estimar quanto cada mercadoria ou serviço deve contribuir para a formação do lucro desejado.

Fluxo de caixa

O fluxo de caixa é uma das principais ferramentas de gestão financeira e é essencial para reestruturar a empresa. Os gestores precisam tê-lo detalhado e atualizado para analisarem diariamente a saúde das contas financeiras, programar pagamentos e recebimentos e garantir que não falte dinheiro. Evitando, assim, a necessidade de empréstimos ou possibilitando a renegociação de prazos com seus credores.

O fluxo de caixa, quando projetado a médio e longo prazo, também permite aos gestores direcionarem o plano financeiro de acordo com os objetivos do negócio, seja planejando novos investimentos ou reduzindo custos operacionais.

Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)

Ao estruturar uma empresa financeiramente, outra ferramenta essencial de análise financeira é o Demonstrativo de Resultados, conhecido como DRE. O DRE permite aos gestores terem uma visão gerencial da empresa, analisando importantes indicadores financeiros como lucratividade, rentabilidade e EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, em português Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

Conhecer esses indicadores é fundamental para analisar a saúde do negócio e tomar as decisões estratégicas de acordo com o que foi planejado.

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Legislação

Muitos dizem que o governo é o maior sócio de qualquer empresa. De certa forma, essa frase faz sentido, já que os impostos têm um grande peso nos resultados do negócio.

Entender o modelo tributário no qual a empresa está inserida é fundamental em uma reestruturação financeira. A empresa pode estar pagando mais impostos do que deveria, gerando assim uma dificuldade de caixa. Ou pode estar pagando menos impostos, o que também é ruim. Isso porque ela pode ser punida com multas ou outras penalidades impostas pelo governo.

Capacitação contínua

Ao reestruturar uma empresa os gestores devem passar por um grande processo de aprendizagem. Nisso, percebem o quanto a capacitação em gestão é fundamental para o sucesso de um negócio.

Para garantir que o negócio continue tendo sucesso é preciso que essa capacitação se mantenha. Os gestores devem evoluir cada vez mais seu modelo de gestão para enfrentar um mercado em constante evolução.

A participação em cursos, treinamentos e associações de classe é sempre importante para o aprimoramento do conhecimento. E também para aumentar o networking, que é de grande importância no mundo dos negócios.

Qualquer momento pode ser a hora de reestruturar uma empresa financeiramente. Quando os gestores fazem essa revisão antes de os problemas se agravarem, a recuperação sobre as dificuldades tende a ser mais rápida e os danos ao negócio menos profundos.

A administração financeira de uma pessoa jurídica é bastante diferente de uma pessoa física. No entanto, algumas máximas continuam valendo. Bom-senso, planejamento, organização e capacitação são fundamentais para continuar ganhando dinheiro e aplicá-lo de forma assertiva.

Você já passou por algum tipo de reestruturação financeira? Quais foram suas experiências? Tem alguma dica especial para os empresários que estão vivendo esse momento? Deixe seu comentário!

  1. Sou Consultor e professor em Economia e Finanças. A experiência em consultorias é recente, aproximadamente 1 ano. Nesse período venho observando que uma boa parte das empresas parece não dar a devida relevância à gestão financeira.

    Achei muito importante e fundamental o conteúdo.
    Grato.

    Alexandre

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